A vereadora por Goiânia, Aava Santiago (PSDB), visitou o estúdio do grupo O Hoje na última segunda-feira, 28, para um bate-papo, mediado pelo jornalista Felipe Cardoso, sobre as questões que permeiam a capital goianiense, a situação partidária do PSDB e a relação com o governo federal.
Na conversa, Aava se pronunciou sobre a medida cautelar do Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCM-GO), que acolheu o pedido apresentado pelo Ministério Público de Contas após denúncia da vereadora e determinou a suspensão imediata do fechamento do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Orlando Alves Carneiro, localizado no Setor Campinas. Segundo a vereadora, a prefeitura alega “que o prédio não tem condições de receber uma unidade de educação infantil”. Porém, a tucana tratou de rebater a alegação do Executivo municipal.
“O prédio, ao longo desses anos, vem tendo o seu alvará no corpo de bombeiros renovado ano após ano. Agora, a prefeitura mente descaradamente nas entrevistas que têm dado — porque não tem nada documentado e tudo que nós sabemos é por ligações e por entrevistas, já que a prefeitura foi incapaz de documentar um laudo sobre a importância ou a necessidade de fechar o CMEI — alegando que o corpo de bombeiros não quis renovar o último alvará, que venceu no final de fevereiro. Tem dois meses. A prefeitura tinha que emitir um documento para o corpo de bombeiros, para que ele renovasse o laudo, e a prefeitura se recusou. Quando a prefeitura diz que o corpo de bombeiros não quer, ou não atesta a possibilidade de estar no prédio, a prefeitura mente, porque o corpo de bombeiros depende de um documento que é enviado pela própria prefeitura”, explicou a vereadora.
Em crítica ao argumento apresentado pela prefeitura sobre corte de gastos, Aava lembrou que a gestão do prefeito Sandro Mabel (União Brasil) “está dando R$ 500 mil reais” para realização de eventos evangélicos em tempos de calamidade financeira, mas se recusa a gastar R$ 200 mil anuais no aluguel do prédio do CMEI. Evangélica, a vereadora não poupou críticas. “É um ultraje que quase meio milhão de reais seja destinado para festividades evangélicas, com decreto de calamidade, enquanto 200 mil reais gasto durante um ano em aluguel para o CMEI seja considerado uma grande despesa”, disparou.
Figurinha carimbada nos entraves entre a Prefeitura de Goiânia e a Câmara Municipal quando o assunto é limpeza da cidade, a vereadora seguiu com o tom crítico à gestão de Mabel quando perguntada sobre a Comurg. “O prefeito prometeu 9 mil vagas em CMEIs e está fechando unidade. Prometeu que iria resolver o problema da Comurg e a única coisa que ele está fazendo é tentar criar uma taxa abusiva para o contribuinte — a taxa do lixo — que só não está cobrando porque o meu mandato entrou com um processo judicial”, garantiu.
Além disso, pela primeira vez, a tucana comentou sobre a decisão monocrática do desembargador do Tribunal de Justiça de Goiás, Carlos França, que recusou a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) sobre a Taxa do Lixo, apresentada pela vereadora e recomendada pelo Ministério Público. “O que ele não conta é que ele é cunhado do secretário de eficiência do prefeito, Fernando Peternella. Ele deveria ter se declarado incapaz de julgar essa ação – que já não deveria ser julgada monocraticamente em nenhuma circunstância, muito menos por alguém que tem interesse direto, que é cunhado do secretário de eficiência do Sandro Mabel”, disparou.
Porém, a parlamentar demonstrou confiança em um desfecho favorável para a ADI e subiu o tom das críticas, ao comentar sobre o contrato da prefeitura com a Limpa Gyn. “É curioso, porque o prefeito Sandro Mabel está revisando até atestado o médico de gari, mas o contrato da Limpa Gyn, de meio bilhão de reais, ele não quer revisar. ‘Opa, peraí, será que realmente o Gari teve enxaqueca?’ Isso ele quer revisar. Agora, se os 80 caminhões que o contrato com a Limpa Gyn manda que estejam na rua, ele não quer revisar”, disse. “A ineficiência da prefeitura é tão grande que eles criaram a taxa [do lixo] para fazer a arrecadação, e não sabem como cobrar”.
A tucana ressaltou: “Não é uma implicância com o prefeito Sandro Mabel, não é uma vontade que sua gestão não funcione. Eu vivo nessa cidade, eu amo essa cidade e eu quero que dê certo. Mas eu não quero que dê certo às custas de mais uma taxa salgada nas costas do goianiense”.
A respeito do momento vivido pelo PSDB, na iminência da fusão com o Podemos, a tucana afirmou que o movimento é uma “realidade no horizonte da grande maioria dos partidos brasileiros” e que faz parte do amadurecimento partidário na política nacional.
Sobre os rumores de uma possível aliança com o PT em Goiás, para enfrentar a base governista que será encabeçada pelo vice-governador Daniel Vilela (MDB), ela garantiu: “Existem muitos polos da política goiana que estão insatisfeitos com o governo do Ronaldo Caiado e com o seu projeto eleitoral — que muitas vezes é colocado acima do bem-viver dos goianos. É natural que esses atores conversem”. A vereadora também afirmou que o “nível de convergência” só será claro mais adiante.
Articulada em Brasília com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a parlamentar garantiu que sua ida recente à capital federal para tratar sobre as maternidades com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, foi proveitosa. Ademais, para ela, “o governo federal tem feito muito por Goiás e por Goiânia e infelizmente o casuísmo político não permite que o crédito seja dado”.
“O caixa do Estado está abarrotado às custas de uma dívida pública gigantesca. O governador é ótimo para bater no peito e falar que não vai atender aos apelos do governo federal e dizer que não vai reduzir os impostos naquilo que diz respeito à cesta básica — quando era para reduzir o ICMS para o Bolsonaro fazer campanha, ele foi um cordeirinho —, mas só tem dinheiro em caixa porque teve o RRF [Regime de Recuperação Fiscal] e, enquanto ele fala mal do governo federal, seus técnicos negociavam o Propag, que veio com todas as condições para a Goiás protelar sua dívida com o governo federal”, completou a parlamentar.
A entrevista com a vereadora Aava Santiago está disponível na íntegra no canal do YouTube do grupo O Hoje. (Especial para O Hoje)